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quarta-feira, abril 04, 2007

X Jornadas de Comunicação Social


“Futuro sem intermediarios?” foi o tema de uma das conferências inseridas nas X Jornadas de Comunicação Social, este ano sob o tema "Novos Media: Uma Babel às costas". A conferência, organizada pelo Grupo de Alunos de Comunicação Social (GACSUM), contou com a participação de profissionais das várias áreas dos media, que deram o seu contributo, respondendo à questão orientadora da sessão.


“Um novo suporte às vezes é visto como um inimigo”
Sérgio Gomes, do Público online, defende a existência de intermediários na prática jornalística, “senão não havia jornalismo”.
No que diz respeito às novas tecnologias da informação, afirma que a Internet veio desassossegar os meios de comunicação tradicionais, ao mesmo tempo que deu um grande contributo. Na sua opinião, “um novo suporte às vezes é visto como um inimigo”, mas a verdade é que fenómenos como os blogues conduziram a uma reestruturação. Hoje em dia “os jornais têm vindo cada vez mais a incorporar as mensagens que chegam dos leitores”, declara Sérgio Gomes. “No caso do Público, há um espaço para a crítica dos filmes feito pelos leitores”, assevera.
O jornalista fez ainda referência à recente mudança do Público que se coaduna com as exigências trazidas pelas novas tecnologias: “No próprio cabeçalho há uma série de indicações que atiram os leitores quer para outras páginas do jornal, quer para conteúdos do suporte online. É uma incorporação da linguagem da Internet”.


Redefinição de papéis
Para Pedro Leal, da Rádio Renascença, “a rádio não está em crise”. De acordo com um estudo realizado pela Marktest, desde 1994 até 2006 a audiência da rádio está praticamente igual.
Na sua opinião, “o papel dos media tradicionais está em redefinição; temos que encontrar novas formas de chegar à audiência”. Neste sentido, a Internet apresenta-se como “um conjunto de possibilidades para a rádio”, uma vez que com ela “a rádio ultrapassou o tempo: podemos ouvir quando e onde queremos”. Outra das vantagens da Internet apontada por Pedro Leal é a facilidade de com ela se atingir “um público que não é coincidente com o do canal”. Para além disto, a Internet é também uma forma de captar novas publicidades, que são um factor económico importante para a sobrevivência dos meios de comunicação social.



A defesa de um jornalismo cívico
Para Paulo Ferreira, do Jornal de Notícias (JN), a procura de informação na Internet resulta do desconforto dos leitores em relação ao que lhes é oferecido.” Se as pessoas procuram outros meios é porque não estão satisfeitos”, declara.
Na sua opinião, o jornalismo deve estar intimamente ligado ao cidadão e à sua agenda. Paulo Ferreira fala de um jornalismo cívico, que deve estar próximo dos temas que interessam ao cidadão e relatar os ambientes sociais, políticos e económicos que estão à sua volta.
O jornalista do JN privilegia a interactividade entre o jornal e os seus leitores: “O conteúdo das cartas dos leitores é muito revelador, da para ver os temas que os preocupam”.
Quanto ao futuro da imprensa, Paulo Ferreira afirma: “O papel continua a ter um potencial tremendo”. Contudo, o JN deverá apostar em “ter boas matérias na Internet para sair no papel no dia seguinte, mas mantendo-nos sempre como intermediários”.


Uma coexistência de vários meios
Nas palavras de Luís Miguel Loureiro, jornalista da RTP, “os intermediários continuam a ser necessários, alias imprescindíveis”.
Referindo a sua experiência na guerra do Líbano, Luís Miguel Loureiro assegura que o jornalista tem que seguir o “caminho da diferenciação”, isto é, “ir para alem daquilo que esta na Internet, ir à procura daquilo que os outros não contavam, ir ao encontro dos cidadãos”.
O jornalista acredita na coexistência dos vários meios de comunicação: “A Internet não vai matar a televisão, as rádios e os jornais”. Contudo, “isto implica a definição de caminhos alternativos, focados no conceito de interactividade”, conclui.